29 de out. de 2014

CURIOSIDADES SOBRE A MONA LISA DE LEONARDO DA VINCI.


“De tempos em tempos, o Céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu.” — Giorgio Vasari (sobre Da Vinci)

Mona Lisa - Leonardo da Vinci.

Um dos quadros mais famosos do mundo, “Mona Lisa” de Leonardo da Vinci atrai olhares e atenções no museu do Louvre, em Paris onde está exposto. Uma das mais famosas pinturas de um dos mais eminentes artistas do Renascimento, é um quadro relativamente pequeno, medindo apenas 77 cm x 53 cm. Trata-se de uma pintura a óleo feita sobre painel de madeira de álamo. 

Mona Lisa - Leonardo Da Vinci.

Aqui é possível que o espectador visualize o tamanho reduzido que a obra possui. Mona Lisa em exposição no museu do Louvre - Paris.

Segundo alguns historiadores o nome da pintura, Mona Lisa teria sido resultado de um erro de ortografia, o nome original da obra era "Monna Lisa". A palavra “Monna”, em italiano arcaico era uma forma abreviada de "Madonna", título usado na Idade Média para prefixar um nome e significa Senhora, enquanto que para Senhor se usava a designação “Messer”.  Também poderia significar Nossa Senhora, dependendo do contexto usado. Como todas as obras de Leonardo da Vinci esta obra não se encontra assinada e nem datada por ele.


Museu do Louvre, Paris – França.


Obra de arte enigmática representa uma mulher que olha diretamente para quem a observa, independente de onde este observador se posicione, o olhar de Mona Lisa o seguirá plácido. A Gioconda não possui sobrancelhas nem cílios. No entanto, algumas análises de alta resolução já revelaram que a modelo já teve sobrancelha e cílios. Alguma limpeza deve ter removido o pigmento usado para pintar estes traços.

              Olhar de Mona Lisa – detalhe quadro Mona Lisa – Da Vinci.

Nesta obra de arte Da Vinci usou com maestria a técnica do “Sfumato”, que consiste em criar suaves graduações entre as tonalidades. Nesta técnica, as cores vão do claro ao escuro, numa gradação contínua de tonalidades, sem bordas definidas enquanto as formas emergem das sombras e se misturam nelas. Leonardo da Vinci descreveria esta técnica como sendo uma técnica desprovida de linhas ou fronteiras, tomando a forma da fumaça que vai além do plano de foco. A aplicação desta técnica dificulta a percepção das pinceladas e das variações de tons nas passagens de luz e sombra. As curvas sensuais do cabelo e da roupa de Mona Lisa, criadas através do “sfumato”, encontram eco nos rios ondulantes da paisagem subjacente. A harmonia total alcançada no quadro, visível especialmente no sorriso, reflete a unidade entre Natureza e Humanidade que era parte importante da filosofia pessoal de Leonardo da Vinci.

Mona Lisa – Técnica Sfumato (detalhe rosto).

Detalhe Mona Lisa - Sfumato.

Habitantes de Arezzo no Val di Chiana, um vale na Toscana, tradicionalmente reivindicam a paisagem na obra de Mona Lisa como sendo a deles. Um artigo publicado na revista Cartographica sugere que a paisagem é formada de duas partes, que quando colocadas juntas correspondem ao mapa topográfico de Leonardo da Vinci do Val di Chiana.

Mapa topográfico Val di Chiana – Toscana – Leonardo da Vinci.

Da Vinci iniciou a pintura em 1504 - 1505 findando a mesma apenas um pouco antes de sua morte em 1519, ou seja, a obra foi sendo aperfeiçoada durante 14 anos, e alguns historiadores relatam que este teria sido o tempo que da Vinci levou para aperfeiçoar os lábios de Mona Lisa. E justamente este sorriso, o sorriso misterioso de Mona Lisa já foi motivo de várias teorias, entre elas uma que defende que ele se deve ao fato de a Gioconda estar secretamente grávida na ocasião de ter sido retratada. Especialistas do Centro de Pesquisa e Restauração do Museu da França chegaram a esta conclusão quando descobriram, por meio de raios infravermelhos, que o pintor modificou a obra diversas vezes. A Mona Lisa inicial usava um vestido fino feito de gaze, vestimenta comum para mulheres grávidas da época, assim como o delicado véu negro envolvendo sua cabeça, este tipo de véu era utilizado pelas aristocratas toscanas durante, e alguns meses após a gestação.

Mona Lisa – detalhe – Leonardo da Vinci.

Mona Lisa – detalhe boca – Leonardo da Vinci.

O quadro sob efeito dos raios infravermelhos mostra mona Lisa com o vestido de gaze.

Ainda segundo o biógrafo Giorgio Vasari, Da Vinci, ao mesmo tempo em que pintava a Mona Lisa, procurava que tivesse alguém cantando, tocando algum instrumento ou brincando, para assim distrair sua modelo, induzindo-a a manter seu bom humor, assim não adotaria um aspecto triste ou cansado. Na época, não era apropriado uma moça sorrir demais. O ambíguo sorriso de Mona Lisa se observado mais de perto apresenta ainda uma disposição meio debochada, irônica de um lado e solenemente séria de outro, talvez para que a natureza exata do sorriso não pudesse ser determinada. O jeito como as mãos da modelo estão cruzadas e pousadas sobre o colo mostram um sinal de decoro. A etiqueta da época dizia que as mulheres sofisticadas deveriam sentar desta forma.

Detalhe lábios, quadro Mona Lisa – Leonardo da Vinci.

Detalhe mãos, quadro Mona Lisa – Leonardo da Vinci.

Em 1516, Leonardo da Vinci levou a obra da Itália para a França, quando foi trabalhar na corte do rei Francisco I, o qual teria se oferecido para comprar o quadro, recebendo, porém sempre evasivas de Da Vinci, que dizia o mesmo não estar acabado. No tempo em que Da Vinci permaneceu trabalhando na corte de Fransisco I, permitiu a exibição da Mona Lisa em Fontainebleau e, posteriormente, no Palácio de Versailles. Antecipando as intenções do monarca para adquirir seu quadro depois de sua morte, Da Vinci deixou em seu testamento esse precioso objeto, ao seu assistente e modelo que conviveu com ele por 25 anos, Gian Giacomo Caprotti da Oreno, apelidado Salai ou il Salaino (que significa “Il Piccolo Diavolo” – pequeno diabo).  De fato quando Da Vinci veio a falecer em 1519, de apoplexia, o jovem Salai vendeu a obra Mona Lisa ao monarca francês por 4.000 ECUS – moeda francesa da época. Isso vem a explicar do porque este quadro se encontra em mãos francesas e não italianas. Tempos depois, Napoleão Bonaparte, tomaria a obra para si e a colocaria em seus aposentos.  

Fontainebleau – France.

Palácio Versailles – Sala dos Espelhos.

Pallais de Versailles, France.

detalhe de “A morte de Leonardo da Vinci” – Jean Auguste Dominique Ingres – 1818 (mostra o rei Fransisco I no leito de morte de Leonardo da Vinci).

Aposentos de Napoleão Bonaparte.

Napoleão Bonaparte.

Em 22 de Agosto de 1911, cerca de 400 anos após ser pintada por Leonardo da Vinci, a Mona Lisa foi roubada dentro do Louvre (museu em Paris) onde estava exposta. Muitas pessoas, incluindo o poeta francês Guillaume Apollinaire e o pintor espanhol Pablo Picasso, foram presas e interrogadas sob suspeita do roubo da obra-prima da pintura italiana. Quanto a Guillaume Apollinaire e a Pablo Picasso, foram libertados meses mais tarde. Acreditou-se, que a pintura estava perdida para sempre, que nunca mais iria aparecer. Todavia a obra reapareceu na Itália, nas mãos de um antigo empregado do museu, Vincenzo Peruggia, que era de fato, o verdadeiro ladrão. A Obra Mona Lisa em seu retorno a França, teve honras de chefe de Estado, pois havia se tornado famosíssima. Seu rosto já havia ocupado as primeiras páginas de todos os jornais do mundo. E se antes houvesse quem não a conhecesse, depois de seu roubo não havia ninguém que não tivesse conhecimento da mesma.

Vincenzo Peruggia.

Louis Beroud – Mona Lisa aux Louvre, 1911- aux  Salon Carré.

Local vazio após roubo.

Manchetes de jornais da época, sobre o roubo de “Mona Lisa”.



O poeta francês Guillaume Apollinaire e o pintor espanhol Pablo Picasso.

 Pintura de Mona Lisa sendo recolocada em seu antigo posto no Louvre em 1913.

Uma das grandes discussões no meio artístico é sobre a mulher representada no quadro. Sua identidade continua sendo um mistério. Muitos historiadores consideram a possibilidade de a modelo usada no quadro ter sido a esposa de Francesco del Giocondo, Lisa del Giocondo (Lisa Gherardini), um comerciante de Florença. Outros afirmam que seria Isabel de Aragão, Duquesa de Milão, para a qual da Vinci trabalhou alguns anos. Alguns acreditam se tratar da forma feminina de Leonardo Da Vinci. Lillian Schwartz, cientista dos Laboratórios Bell, sugere que a Mona Lisa é na verdade um autorretrato de Leonardo, porém, em sua forma feminina. Esta teoria baseia-se no estudo da análise digital das características faciais do rosto de Leonardo e dos traços da modelo. Comparando um possível autorretrato de Leonardo com a mulher do quadro, verifica-se que as características dos rostos se alinham com perfeição. Os críticos desta teoria, porém sugerem que as similaridades são devidas ao fato de ambos os retratos terem sido pintados pela mesma pessoa usando o mesmo estilo. Em 2011, pesquisadores italianos afirmaram que a pintura foi baseada em seu assistente chamado Salai. Eles sustentam a afirmação dizendo que os homens retratados por Da Vinci nas pinturas São João Batista e Angelo Incarnato têm nariz e boca semelhantes aos de Mona Lisa. Também afirmam que da Vinci deixou pintadas nos olhos de Mona Lisa minúsculas letras "L", de Leonardo, e "S", de Salai. O pintor acreditava que os olhos eram a janela da alma, logo, seriam eles um lugar perfeito para ocultar o que seria um segredo.

Isabel de Aragão – Duquesa de Milão / Mona Lisa.

Rostos de Leonardo Da Vinci e Mona Lisa sobrepostos – segundo teoria defendida por Schwartz.

Traços dos rostos de São João Batista e Angelo Incarnato (ambos tendo como modelo Gian Giacomo Caprotti da Oreno ou mais conhecido como Salai).

Mona Lisa – detalhe olho com letra L.

A pintura possui ainda uma pequena imperfeição. Em 1956, um homem chamado Ugo Ungaza jogou uma pedra na pintura, o que resultou em um pequeno pedaço de pintura danificada ao lado de seu cotovelo esquerdo. Estudos têm demonstrado que existem três camadas diferentes pintadas antes da atual versão da pintura. Mas apesar de qualquer tipo de imperfeições descobertas na pintura, esta obra de arte renascentista é reverenciada em todo o mundo como uma das maiores obras-primas de todos os tempos.

Imperfeição que podemos encontrar na obra Mona Lisa após 1956.

Muitos historiadores da arte desconfiavam de que a reverência de Da Vinci por Mona Lisa nada tinha a ver com sua maestria artística. Segundo muitos afirmavam devia-se há algo muito mais profundo: uma mensagem oculta nas camadas da pintura. Se observarem com calma, verão que a linha do horizonte que Da Vinci pintou se encontra num nível visivelmente mais baixo que a da direita, o que faz com que a Mona Lisa pareça maior se vista da esquerda do que da direita. Historicamente, os conceitos de masculino e feminino estão ligados aos lados - o esquerdo é o feminino, o direito é o masculino.


Visualização da linha de horizonte de ambos os lados do quadro Mona Lisa.

Leonardo Da Vinci um dos maiores gênios da humanidade que até hoje intriga os pesquisadores. Foi um alto iniciado, um elevado mestre com acesso a conhecimentos secretos e essencialmente herméticos intuindo sobre coisas que se situavam muito além de seu tempo. Porém, ele vivia os tempos negros da Inquisição Católica, tempos perigosos para alguém como Da Vinci, e justamente este episódio fez com que ele velasse certos fatos e verdades sob forma de metáforas tanto em seus apontamentos denominados cadernos quanto em suas pinturas. Uma obra bastante controversa a este respeito é a famosa Santa Ceia no qual teria retratado a própria Maria Madalena, (esposa de Jesus) ao seu lado na mesa, disfarçada como apóstolo João, porém é claro que há controvérsias e esta versão não é aceita pela Igreja e pelos que a seguem. Alguns pesquisadores verificaram a semelhança desta figura na Santa Ceia, com o retrato de Mona Lisa, ambas ruivas tendo seus cabelos cacheados como os anjos de Da Vinci. Observando o quadro de Mona Lisa observaram que sua pele, que ao longo dos anos adquiriu um amarelo pálido e escuro, era a princípio muito alva, tom de pele com a qual as Madonas eram retratadas. A sua suposta gravidez viria a corroborar a teoria de que ela fosse de fato Maria Madalena, portando o filho de Jesus, ou o "SANGREAL" (SANTO GRAAL), representando a Força Feminina Divina de Deus (Pai/Mãe). Apenas para ilustrar esta teoria é sabido que na antiga mitologia egípcia, Amon era o companheiro de Ísis, cujo nome original na Antiguidade era "L’ISA". Dentro do conceito sagrado da estrela de David, a união do feminino ao masculino, do cálice à espada, unindo ambos os nomes teremos: AMONL’ISA, ou seja: A MONA LISA.

É claro que todas estas teorias ficam a critério de cada leitor, porém o seguinte questionamento vem a intrigar todos aqueles que estudam a obra de arte Mona Lisa de Da Vinci. Porque em sendo a princípio apenas um retrato secular, não religioso, apenas mais uma encomenda, da Vinci não se desfez do mesmo, retocando-a constantemente por 14 anos, até o fim de sua vida, sem nunca entrega-la a quem a encomendou e sem nunca se separar da mesma?

Provável autorretrato de Leonardo Da Vinci, cerca de 1512 a 1515.

Detalhe da Santa Ceia - 1494 – 1498 Leonardo da Vinci.

The Last Supper – Leonardo da Vinci – 1494 – 1498. 

Mona Lisa – No quadro se pode notar seus cabelos ruivos e o véu por sobre os mesmos.


A pintura se encontra hoje no Museu do Louvre (Paris – França), em uma sala própria de clima controlado, atrás de uma caixa de vidro blindado, há 15 m de distância de seus visitantes sob a constante vigilância de guardas. O quarto foi construído exclusivamente para a pintura e custou o museu mais de sete milhões de dólares.

Local em que a obra ficava exposta no museu do Louvre antes da construção de um ambiente somente para ela. Aqui em 1929.

Distância de 15m mantida para o público.

Guardas ao lado da obra Mona Lisa.

Este quadro é provavelmente o retrato mais famoso na história da arte, senão, um dos quadros mais valiosos de todo o mundo. Poucos outros trabalhos de arte são tão controversos, questionados, elogiados, reproduzidos ou tiveram tanta repercussão no mundo da arte.


“Mona Lisa, imagem culminante da poética de da Vinci.” — Pietro C. Marani

Que o perfume das rosas os acompanhe em seus caminhos... muita luz!

3 comentários:

  1. Nas palavras desse grande gênio cujo legado encanta gerações:

    "O objetivo mais alto do artista consiste em exprimir na fisionomia e nos movimentos do corpo as paixões da alma." - Leonardo Da Vinci

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  2. MUITO INTERESSANTE, MUITA RIQUEZA CULTURAL .

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  3. Monalisas invadem as ruas de Porto Alegre!! É #streetart #arteurbana - http://meucantonomundo.com/monalisas-de-mosaico-invadem-porto-alegre/

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